Arquivo para julho, 2009

Algumas coisas não mudam com o tempo

– Oi! Pode falar?

– Sim. Quanto tempo! Não nos falamos há o quê… uns seis anos?

Seis anos e dez meses. Quase sete. Tentei contato com você algumas vezes, mas só agora consegui seu msn. Você mudou, né?

Mas me fala de você… como você está, tudo bem?

– Estou ótimo. Estou namorando há um bom tempo.

– Que notícia boa! Fico muito feliz!

– É… eu amo minha namorada, mas eu nunca te esqueci.

– Hein?

– Ainda penso em você, sonho, desejo. Você é a mulher da minha vida. E sempre será.

– Não vai falar nada?

– Não tenho o que falar. Na verdade, tenho sim: não devemos mais nos falar. Sempre quis ser sua amiga, mas já aceitei que não daria certo. E, agora então, melhor nem tentar.

– Mas quero fazer parte da sua vida, ter notícias suas. Assim, se seu namoro não der certo, podemos ficar juntos.

– Você está louco. Melhor pararmos por aqui.

Tudo bem. Mas eu te amo. E estarei sempre esperando por você.


É sensacional

Na semana passada, o título de um texto chamou minha atenção. Estava no trabalho e não pude ler na hora. Mas ele não saía da minha cabeça. Ao chegar em casa, liguei o ‘note’ rapidamente. Estava ávida por aquela leitura. E minha intuição não falhou: é sensacional. Um texto como poucos. Por isso, pedi autorização à talentosa autora para postá-lo aqui. Recomendo muito a leitura e a visita ao blog

Sweet Toxicant, obrigada. E parabéns!

 

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Se fosse para ficar na sombra, eu teria ficado em casa

Autora: Sweet Toxicant          

                                                                                       

Há alguns meses, estive na praia. Verão intenso, muita gente se divertindo e, sentados na areia, um pouco adiante de mim, três pessoas conversavam animadamente.

Uma delas era um rapaz que, por conta de um detalhe, destoava da grande maioria ao redor: embora fosse por volta do meio dia e o calor estivesse escaldante, ele não estava se protegendo do sol.

A certa altura, aproximou-se o moço que alugava esse tipo de acessório e ofereceu:
– Você quer que eu lhe traga um guarda-sol?!?

E ele, muito à vontade na situação em que estava, respondeu quase que indignadamente:
– Meu caro, se fosse pra ficar na sombra, eu teria ficado em casa!

Num primeiro momento, tanto o tom da voz dele quanto a convicção de sua decisão em permanecer sob o sol soaram quase como uma piada para mim. Mas agora, depois de passado todo esse tempo, comecei a me dar conta de quantos diferentes significados aquela frase foi ganhando.

Passei a, repetidas vezes, não só me lembrar, como também a criar metáforas para a tal assertiva. Ficar na sombra é, na linguagem da psicologia, manter-se na inconsciência; é como aquela parte do iceberg que fica debaixo d’água, invisível aos navios, podendo provocar graves acidentes.

Ficar na sombra também quer dizer não se expor, não enfrentar determinada condição como ela é. E, no caso de lançar mão de um acessório para se proteger ou se esconder, é ainda uma estratégia para não ter de lidar com algo que pode estar incomodando, ainda mais se sua intensidade for grande.

Claro que, no caso real, é indiscutível que uso de protetor solar e do guarda-sol são extremamente indicados e benéficos à saúde; mas meu intuito não é julgar a escolha do rapaz e sim refletir sobre o impacto que a afirmação tão convicta dele me causou. Fez com que eu pensasse quantas vezes a gente prefere ficar mergulhado na sombra a sair de casa e ir à luta, ou dar a cara à tapa como diz o ditado popular.

Quantas vezes preferimos uma falsa segurança – ainda que escura e nebulosa – ao risco, à possibilidade de tentar. E – pior! – quantas vezes saímos de casa e, ao sentirmos o calor do sol, ou seja, a chance de viver plena e intensamente uma oportunidade que a vida nos apresenta, corremos em busca de uma sombra, assustados, inseguros.

Preferimos nos omitir a expressar o que pensamos, o que sentimos, o que queremos. E assim, de sombra em sombra, tentando nos esquivar da condição real, vamos perdendo chances incríveis de realizar um sonho, de ocupar um cargo há tempos desejado, de experimentar um amor, de desbravar o desconhecido e, enfim, de nos transformar numa pessoa melhor…

Talvez esteja aí a resposta para tantas atrocidades sendo cometidas, para tamanho mal-estar que tem rondado o planeta de um modo geral: muita sombra imposta sobre lugares, pessoas e situações onde poderia estar brilhando o sol. Muita escuridão onde poderia estar inundado de luz. Muita inconsciência onde bastaria um pouco mais de coragem, um pouco mais de disponibilidade ou simplesmente o exercício de nossa verdadeira humanidade.

Portanto, a conclusão a que chego quando me lembro daquela intrigante frase do rapaz da praia – Se fosse pra ficar na sombra, eu teria ficado em casa! – é a seguinte: que fechemos nossos guarda-sóis, que paremos de inventar tanta sombra para nos proteger ou nos esconder do que está aí para ser vivido… e que sejamos, deste modo, bem mais audaciosos quando o convite for para a vida, para o bem e para o amor!

O amanhã não existe, ele nunca chega. Hoje é o dia de ser feliz!

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Uma de suas melhores amigas

Época de colégio. Ela estava no auge da crise da adolescência. Vergonha dos pais. Só gostava das (os) amigas (os). Tinha vários, achava todos perfeitos e jurava que seria para sempre.

A relação com a mãe era a mais complicada. Por serem muito parecidas, batiam de frente a todo momento. Num dia qualquer, sua mãe a procurou para conversar. Estava sentindo falta dela, queria estar mais perto, presente. Ela disse que não tinha tempo, ligou para uma amiga e ficou horas no telefone como se nada estivesse acontecendo. A mãe esperou que ela desligasse e retomou o assunto:

– Filha, quero ser sua amiga também. Você quase não conversa comigo.

Ai, mãe. Lá vem você de novo. Você não me entende. Elas são minhas amigas e você é minha mãe, é diferente.

– Aliás, mãe, você quase não nem tem amigas. Por isso fica implicando comigo.

– Não é nada disso. As coisas mudam com o tempo, você vai ver. Quando sair do colégio, perderá contato com vários amigos. Logo estará na faculdade, onde conhecerá outros. Estes, com o tempo, vão seguindo caminhos diferentes… e virão os amigos do trabalho, da academia, do curso de especialização. No final das contas ficarão alguns poucos de cada fase da sua vida, aqueles de verdade.

– A família começa a ter um peso maior, vem casamento, filhos… muita coisa muda!

 – Ai, mãe, credo! Para de me desejar coisa ruim. Comigo vai ser diferente. Não vivo sem as meninas. Oh, vou ali atender o telefone, tá?

Alguns anos depois, já formada e trabalhando ela se lembrou desta conversa. Não sabe bem porquê. E foi se recordando de tudo que aconteceu desde aquele dia. É… ela perdeu contato com vários amigos da escola – cada um escolheu uma profissão diferente -, há tempos não via os da faculdade – uns se mudaram, outros  casaram –, e podia contar nos dedos os amigos do trabalho. Lógico, ainda existiam algumas amigas (os) de infância, um ou dois companheiros fiéis da graduação e da pós e foram surgindo novos.  Mas, se fosse comparar com aquela época do colégio… não, ela não poderia, não tem comparação. Hoje, ela busca a qualidade de suas amizades e não a quantidade. Alguns poucos e bons fazem parte da sua vida, dividem os momentos mais importantes. Os outros são conhecidos, possuem interesses em comum, mas não são seus confidentes. Hoje, ela entendeu sua mãe. Que, aliás, é uma de suas melhores amigas.


Deixe-me ir

Acabou. Não dá mais. Conversamos, mudamos, tentamos, brigamos. Mas não tem jeito, é o fim.

Não sei mais o que dizer. Por mais que seja difícil, eu aceitei. E estou tentando seguir em frente. Deixe-me ir. Cada vez que você me procura e percebe que eu mudei, tenta me ferir. E consegue. Pare, por favor.  Quando você age assim, além de magoar, mata um pouco da nossa história que foi tão linda e intensa. Não faça isso. Deixe-me viver.

Sim, estou conhecendo novas pessoas. Descobrindo lugares. Reatando amizades. Isso não diminui ou apaga o que vivemos, nem o que senti por você. Mas me mantém viva, vibrando… com o coração pulando no peito como há tempos não sentia.

Ao escrever este texto e lembrar de sua atitude hoje, as lágrimas são inevitáveis. Porque é triste ver alguém que eu tanto amei tentando impedir que eu seja feliz…


Fragmentos

De conversas. Ou de alguns pensamentos soltos que nem chegaram a se materializar.

Posso ser um dos personagens, ou não. Algumas presenciei, outras me foram contadas. Não existe, obrigatoriamente, uma cronologia. Mas, para mim, são cheias de emoção e fazem muito sentido.

Serão pequenos fragmentos do tempo.

“Um dia essa escuridão
Vai clarear e você vai entender
Que eu não sou perfeito
E nunca vou ser

Pelo menos eu tento
Faço isso por você
Eu grito, eu choro
E eu minto, e depois me arrependo

E quando a noite for longa
E não fizer mais sentido
Eu vou estar por perto
Sem você perceber

Como um fragmento do tempo
Em que éramos nós dois
Em que éramos um
E não eu, e você

E eu deixo seu nome guardado
Na minha voz pra não me esquecer
De tudo que eu sinto
Pra não me perder

A estrada onde estou
Só me leva a você
E eu caio, levanto
E eu sigo com os olhos ardendo”

(Fragmento – Frejat)


Grudou

Sutilmente – do Skank – não sai da minha cabeça. Grudou…

“E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace

Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste

Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti”

Composição: Samuel Rosa / Nando Reis


Um dia nada normal

Gosto quando isso acontece. Quando algo inesperado, diferente, provocante surge. Coisas que me inspiram sem grandes esforços ou expectativas têm sido, para mim, as melhores. Não dá tempo para pensar, planejar, sofrer ou me preparar. Há apenas o tempo de viver. De desfrutar. De sentir. Sim, sentir de verdade. Sem medos. Sem máscaras. Sem meias-verdades. E, mesmo que haja sofrimento, valeu a pena. Porque eu me permiti tentar, me deliciar, errar, arriscar, viver. E, a cada experiência eu cresço, me fortaleço, me conheço e me entendo um pouco mais. E o sorriso insiste em não sair do meu rosto…


Intensamente

Ela quase não cabe em si. Tamanha a empolgação, vontade de viver. O corpo parece não acompanhar. Mas, às vezes, não resiste e seus pés ensaiam um pequeno movimento, curtindo a música que invade sua lembrança. Vontade de dançar. De gritar. De correr. Não correr de, mas para. E ela nem sabe para onde, mas sente o impulso, o desejo.

Algo inusitado aconteceu? Uma boa notícia, uma surpresa? Não, nada diferente. Aliás, uma coisa: ela. Sim, ela mudou. A mudança foi gradual, sutil e só agora ela se deu conta. Os mais loucos sentimentos a invadem a todo instante. E só existe a certeza de querer seguir cada um deles. Intensamente.


…que saudade!

Se,  ao lembrar de alguém, fecho os olhos, respiro fundo e um leve sorriso surge no meu rosto é porque a saudade está apertando meu peito.

Hoje estou assim. Feliz. E com saudade. Uma saudade gostosa, um sentimento bom.


Inteira

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Ela sempre se lembra daquela noite como uma das melhores da sua vida. Por mais que desejasse, rezasse, pedisse, nunca imaginou que justamente aquela seria tão perfeita. Todos estavam ali só para ela. Por ela. Sentiu-se desejada, era alvo de todas as atenções. Alguns apenas a olhavam de longe, admiravam-na. Outros, se atreviam a uma investida mais incisiva. Ela se mantinha ali, forte, serena. Até a hora em que ele chegou. Desespero. Toda aquela confiança e tranquilidade estavam por um fio. Sua visão ficou embaçada. Ela não via mais ninguém, só ele. Nesta hora, o tempo parou. Era como se ele estivesse indo em sua direção em câmara lenta, como lembranças da protagonista de um filme. Em sua mente a história deles passava em flashes. Desejo. Ciúmes. Mentiras. Sofrimento. Traição. Não, ela não foi feliz com ele. E, no fundo, sabia que nunca seria. Mas o desejo, ah… o desejo. Era forte. Ardente. Podia-se ouvir seu coração batendo. Por ele? Não, não mais. Ela queria mais. Podia mais. E, naquela fração de segundos, percebeu que era mais forte que aquele sentimento destrutivo. Quando ele chegou ao seu encontro, ela o abraçou. Um abraço apertado, com carinho mas em tom de despedida (para ela.) Antes que ele pudesse falar ou tentar beijá-la, ela sorriu, lhe deu um beijo no rosto e disse: – Obrigada. Ele ficou atônito, sem reação. Ela saiu do transe e voltou para a festa com um brilho diferente e, desta vez, estava inteira.

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What a Difference a Day Makes

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Este foi o título do penúltimo episódio desta temporada de Grey´s Anatomy. Assisti sem grandes pretensões, não podia imaginar o que me esperava. Surpresa, emoção. Não cabe aqui falar sobre a série, seu enredo ou personagens. Minha intenção é ressaltar uma das falas:

“You don´t recognize the biggest day of your life, not until you´re right in the middle of it. The day to commit to something or someone, the day you get you heart broken, the day you meet your soul mate, the day you realise there´s not enough time because you wanna live forever. Those are the biggest days, the perfect days…”

“The day that star out normal… could end up being the biggest.”

Estas palavras mexeram comigo. Talvez, pelo momento que eu estou vivendo. Mas isso não vem ao caso. A mensagem que elas deixam é que vale a reflexão. Todo dia pode ser especial, pode fazer a diferença. Qualquer dia. Mesmo aqueles que parecem normais, para os quais não damos importância.  Estes podem nos surpreender e transformar nossas vidas para sempre…

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Estrada

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Ela tem sido minha companheira nos últimos tempos. Ela e a música. Sempre a procuro quando quero fugir de tudo, pensar com clareza, me sentir mais leve. Nela meu pensamento viaja. Literalmente. Através dela descubro novos lugares, paisagens que confortam. Nela me sinto mais livre. Com ela tenho aprendido que sair de cena faz bem, revigora. Que eu preciso e curto momentos assim, só meus. E não é preciso nenhum planejamento antecipado ou destino traçado. Eu vou quando me dá vontade, sempre que tenho um tempo – às vezes, pouco tempo, mas basta. E não penso para onde estou indo até porque, na verdade, eu não vou… eu sempre volto.

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