Posts com tag “Contribuições e Parcerias

O Mistério do Planeta*

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Desde ontem que me pego pensando em sobre o que escrever e como escrever. Conto? Poema? Crônica? Acho o último gênero, um dos de maior polêmica sobre sua definição, o mais apropriado, pois a mulher traz a polêmica consigo desde os tempos imemoriais. E nesse tipo de texto posso dialogar num tom mais intimista com vocês leitoras, a quem dirijo e dedico esse texto. Começo falando sobre o título, que roubei de uma canção fantástica dos Novos Baianos, mas que nada tem a ver com as linhas que virão mais abaixo, a letra não, mas o título eu julgo ser perfeito, vamos lá. Vindo pro trabalho me lembrei de um filme, na verdade de um pedaço dele, uma fala pra ser mais exato, não sei mais o nome, os atores e do que se trata, apenas que um dos personagens, um senhor excêntrico e que andava nu pela casa mesmo com as filhas já adultas – eram mais ou menos três ou quatro – num dado momento diz em tom altivo e resignado, Mesmo que eu viva duzentos anos ao lado de vocês mulheres, jamais irei entendê-las. Eu devia ter uns oito ou nove anos, e essa fala colou em mim, me intrigou, eu que na época não tinha condições de interpreta-la, e hoje sim, sei exatamente o que ele quis dizer. Desde garoto convivo com mulheres, mãe, irmã – apenas um ano e meio mais jovem – tias, primas, avós, colegas, esposa, namoradas, ficantes etc. Sempre fui amigo de vocês, e sempre procurei observar seu comportamento, mesmo sendo um cara distraído. E sei que não sou capaz de compreendê-las, assim como o personagem do filme. Quando me dei conta disso, ainda com meus vinte e poucos anos, fiquei transtornado, duvidei da existência da felicidade no mundo e de que a mulher é mesmo uma criação de Deus. Ah! os arroubos da juventude… Hoje em dia o que mais me atrai nas mulheres é justamente esse mistério insondável, essa instabilidade emocional e de quereres que mudam mais que as fases da lua. Sim, o não-saber vocês é o que me aproxima da felicidade e de querê-las cada vez mais de lá pra cá. Não há monotonia ao lado de uma mulher, sei porque também tenho amigos homens, e nós somos muito previsíveis, vocês não, há nesse comportamento, que creio eu, foi muito aperfeiçoado desde Eva, uma vocação para dominar sem parecer que estar dominando, de ser forte sem perder a doçura, de ser obstinada sem esquecer da beleza, de ser atendida com o mínimo esforço, às vezes basta um olhar ou um biquinho. E eu poderia ficar escrevendo horas sobre os mais diversos aspectos da feminilidade, que me atraem e me fazem ser um eterno apaixonado pelo sexo oposto, mas hoje quero pensar e louvar apenas a esse mistério. Um brinde a vocês mulheres, outro brinde a esse mistério, que é inato. Continuem me intrigando, me trazendo felicidade, dores de cabeça e a vontade de ser cada vez melhor.

Dedico esse texto às mulheres da minha vida, Mãe, Irmã e Sobrinha-afilhada. Dedico à minha futura esposa, que até agora também é um grande mistério. E às leitoras que me incentivaram a escrevê-lo e às que não puderam incentivar mas agora me leem, misteriosamente.

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*Texto de André Salviano pra celebrar o dia de hoje. Feliz Dia Internacional da Mulher.

André Salviano – um admirador da alma feminina [e do corpo idem], como ele mesmo diz – é poeta. E um eterno apaixonado. Escreve na Confraria dos Trouxas e no 4 pecados.


Jardim inchado de silêncio *

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foto: arquivo pessoal

“… tempo, essa volúpia de fazer sumir sem trégua…”
Carlos Nejar

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Minha mania de contar esquinas se perdeu de você. Quantas, só hoje, dobraram seu caminho?

Daqui, consigo ainda imaginá-la. Com um sapatinho boneca sem salto, cabelo solto e meio molhado, vestidinho leve, sacola de compras. A vontade que me dá, hoje, de ter aproveitado, no ontem, esses passeios contigo me consome. Nunca fui. Controlava seu trajeto, engaiolava seu tempo. Sentia-me seguro na insegurança que te impingia.

Fiz nossa relação encruzilhar-se com a vida. Sem te dar opção.

Foi numa esquina que de mim você se desvencilhou.

Aquele dia não seria de mercado. Embora eu precisasse de tanta coisa! A lista que eu havia feito ficou sobre a cômoda, ao lado da chave. A sacola nem saiu do armário. Eu não reparei. Tão cega era minha certeza desleixada.

Você andou à revelia, suponho. Talvez, tenha comprado um livro e com ele sentado-se em um café não muito longe de casa. Sua atenção insistia em desviar-se da ficção, sem controle. Era vida que você buscava. Desde o começo. Meu medo sempre foi que você a encontrasse. Quase posso sentir o momento do trincar: você percebeu a redoma que minha obsessão medrosa transvestida de amor criou para te sufocar e decidiu-se. Nem pedaço sobrou.

Um longo suspiro, como o que deve ter selado sua liberdade, sela hoje minha prisão. Esforço-me para sentir um traço ainda que longínquo do seu perfume pela casa, nas roupas que ainda são suas, mas já não te vestem. Encontro-o, embaçado, sujo e confuso lá nos fundos. No seu jardim. A única parte da casa que era sua e só sua. Você cuidava dele como cuidava de mim e eu nunca aceitei te dividir; convidava-me a fazer parte dele e eu nunca quis. Estava ocupado demais em nunca te perder.

Hoje, seu jardim é minha casa. Cuido dele como, antes, não cuidei de você. As flores e até frutos, quem diria!, retribuem meu carinho ao te trazerem de volta para mim em forma de cor, cheiro, sabor. Até a textura aveludada da sua pele consigo sentir em cada pétala que toco. Tuas palavras antes tão abundantes e nunca ouvidas escureceram-se, enterraram-se aqui e por mim são veladas.

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* Texto originalmente publicado na Confraria de verão.

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A viagem

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Um amigo, que a cada dia se torna mais querido, muito bem resumiu: “adoro tornar reais as loucuras minhas e alheias”.

A Mi fez isso: acreditou na minha bagunçada loucura gravada, às pressa no celular, em meio a curvas, crendices e delírios e tornou-a real.

Obrigada, Mirian!

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Lembro ainda hoje, assim como me lembrarei pela eternidade das eternidades, meu irmão berrar.

– Carlão! Carlão! – e daí ele largar sua bicicleta entre o meio fio da estrada e a própria estrada.

O carro que me atropelou parou, a mulher tremia.

– Eu não o vi… – gaguejava ela, soluçante. Naquela curva ninguém via ninguém e, pelo jeito, ela devia estar brigando com os dois pivetes que olhavam assustados pela janela traseira do carro.

Eu quis ficar para ver o que aconteceria, já que aconteceu, nada como ver o que os outros vão fazer sem você estar por ali. Aliás, estando, mas não estando.

É um porre, vou dizer! Tudo demora muito. Muito mais que uma eternidade. Porque eternidade você sabe o que é, mas quando se espera uma coisa o mais rápido possível, esse mais rápido possível é uma eternidade dolorida, sufocante, impotente.

Meu irmão chorava, mal conseguia ligar para minha mãe, dizendo que achava que eu tinha morrido na estrada. Para falar a verdade, a mulher quase não tinha culpa, porque eu estava falando no celular enquanto pedalava pela estrada e devo ter entrado na frente da coitada e ela vai ter que entrar num processo por um crime culposo – ela não tem culpa, mas matou. Culposo… Por que advogado complica as coisas? Se ela tem culpa é culposo. Mas daí fiquei sabendo que tem o doloso, que é aquele que a pessoa teve intenção de provocar o crime, o assassinato, o tal dolo. Imagina! Aquele doce de mulher querer me matar, justo eu, que nem conhecia a pobre coitada, que brigava com aqueles dois pivetes! Se fosse ela matava aqueles dois, isso sim!

Falando nisso, nessa eternidade eterna, conheci a Joaninha. Bom, eu a chamo de Joaninha porque ela não lembra o nome dela direito. Morreu quando tinha os seus dois anos. Tá lá a sua cruz com uma fitinha branca. Ainda chupa o dedo esperando a mamãe. Mas a mãe ela subiu tão logo morreu. Joaninha, criança que era, não viu e não foi atrás. Ficou aturdida e, me vendo, veio chorando querendo a mamãe.  Então, normalmente ficamos nós dois olhando os carros passarem apressados, as bicicletas ainda bambeando porque os moleques ainda cismam em ficar falando em seus celulares. Já vi até meu irmão passando por aqui outro dia – bem mais velho! Fiquei sabendo que se casou, finalmente, com a Cristina, aquela gostosona. Ainda bem que estou morto, porque senão ele me mataria com um comentário desses.

Outro dia passou um caminhão da Coca- Cola. Joaninha disse “Coca”! Eu fiquei feliz da vida! É… porque além de mamãe, ela só falava o meu nome e mais nada. Sabe, acho que fica desses traumas… Agora também fala Coca. Quem sabe, se andarmos por aí ela descobre alguma outra palavra perdida de seu parco vocabulário.

Conheci também a Lídia. Essa era uma puta. Daquelas! Só que o caminhão não viu. Ela morre – redundância idiota – de ódio por conta disso. Como é que um caminhão não consegue reconhecer uma prostituta? Pior! Passa, mata e vai embora! Nem viu!

Bom, eu acho que ele iria morrer, senão naquela noite mesmo, talvez noutra, porque ele devia estar quase dormindo, o coitado.

Mas aqui tudo é muito calmo, talvez uma réplica de um paraíso feito especialmente para a gente ficar aqui na terra enquanto  não aparece outra chance da gente subir, sei lá para onde. Lá embaixo tem alguma coisa messiânica, que nunca me interessou, mas, sinceramente, não gostaria de levar Joaninha e Lídia num lugar como esses. Sei lá se eles nos achariam seres do mal ou como resposta de uma vinda de paraíso messiânico… São coisas que passam pela minha cabeça…

Eternidade é coisa boa… Dá para pensar em tanta coisa… Mas às vezes cansa. Lídia saiu agora com Joaninha. Foram para a floresta procurar algum brinquedinho que talvez fosse de Joaninha. Já fizeram isso milhões de vezes e nunca acharam nada.

É… Eternidade é um porre.

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Na noite do feriado da independência, a dependência de amor

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Não escrevi essa carta. Embora eu pudesse ter dito ou sido alvo de muitos trechos. E, por isso, pedi permissão à autora para publicar aqui.

Se alguém se encontrar nela, é enredo de novela, não há uma só indireta para ninguém. 

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Naquele dia em que te conheci, enxerguei de cara, nos seus olhos, uma pessoa boa. Já te disse isso.

Não mudei de opinião. Não acho que você não o seja. Aos poucos fomos conversando e enxerguei um pouco mais. Um homem bonito, inteligente, extrovertido, cativante.
Um olhar brilhante, um sorriso sincero. Alguém com quem eu gostava de dividir os sorrisos, as histórias, as Stellas e as bobagens.
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Alguém de quem eu fui, aos poucos, aprendendo a querer saber mais… como andava a vida, as filhas, o mestrado, o trabalho, o jiu-jitsu…
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Alguém a quem eu via como um merecedor da felicidade, mas um tanto perdido no passado, nas coisas que acabaram e que, ainda assim, continuam firmes na cabeça e no coração, pelo simples medo de perdê-las de vez… pelo simples receio de trocar o “certo”, mesmo que tão incerto, pelo “duvidoso”, ainda que tão certo este fosse.
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Aos poucos, fui percebendo que você via a vida de forma parecida com a que eu mesma a enxergo. Alguém que, apesar de mostrar-se um tanto egocêntrico, (ao falar mais que ouvir, falando mais de si que querendo saber de mim; ao procurar-me somente quando sentia vontade ou tinha interesse, sem, no entanto, sentir-se na obrigação de atender-me quando era eu quem o procurava, ou de retornar mensagens e ligações perdidas, como eu mesma sempre fiz com você), ainda assim, fui vendo-o como alguém que tem diversas qualidades, que compensavam até mesmo esses defeitos que eu, tantas vezes, em outras ocasiões, já considerei inaceitáveis e que sempre me deixaram meio sem chão. Fui compreendendo que era seu jeito e que nunca foi por mal.
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Fui enxergando o quanto havia em comum. O quanto as conversam rendiam e os corpos combinavam. O quanto os olhos brilhavam e as bocas queriam. E, apesar do eterno jogo de gato e rato, onde o meu sumiço sempre foi a “isca” para a sua procura, ao mesmo passo em que a minha procura era a certeza da sua fuga, ainda assim, fui acreditando que poderíamos ir nos aproximando cada vez mais, e que eu poderia, aos poucos, ir te fazendo acreditar que a vida está na sua frente, só basta que você abra os olhos para enxergar.
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E não digo isso falando de nós. Poderia sim, ser. Ou não. Mas falo do geral. Falo do que você ainda vai viver, do que a vida ainda vai colocar na sua frente, e talvez você não enxergue, simplesmente porque estava olhando pra trás.
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Imaginava que você fosse alguém que, com tanta vida vivida, com tanta ferida na alma, tivesse a maturidade de discernir entre o verdadeiro e o falso, reconhecer intenções e respeitar sentimentos. E pessoas.
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O via, pelo nosso pouco convívio, como um homem maduro, que, mesmo que pudesse ser “pilhado” por pessoas de menos maturidade, soubesse portar-se de modo a zelar por algo que (ao menos ao meu ver) foi bom e poderia ser ainda melhor. Se não um relacionamento homem x mulher, ao menos uma relação de amizade, que poderia crescer como algo verdadeiro, sincero, leal e saudável.
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Sinceramente, não consegui compreender suas atitudes, nem tampouco a falta delas. Não consegui entender como se demonstra interesse num momento, para, no instante seguinte, aparentar desinteresse e, ainda mais que isso, desconsideração. Não consegui entender como pôde ser tão maduro em dados momentos, para, em outros, mostrar-se tão infantil. Não consegui entender pra quê tanto contato, se a intenção jamais tiver sido envolver-se.
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Se apenas queria o corpo, deveria ter sido franco. Eu te diria que não costumo entregar-me somente de corpo, e nós pouparíamos tempo e decepção.
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E se a intenção não era somente esta, então, por favor, me explica. Por quê eu sinceramente gostaria de saber e de poder continuar a acreditar que não me doei em vão.
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Me desculpe pela extensão das linhas, e pelo tocar em feridas que talvez ainda te doam. Mas te escrevo por mim, pra me livrar do que grita aqui dentro, independentemente de saber se um dia saberei da verdade, ou não.
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Deletei seus números de telefone e suas mensagens. Te excluí das redes sociais e do msn. E talvez até pareça, mas não o fiz por pirraça ou infantilidade. O fiz somente para que eu aprenda a não ceder aos meus impulsos de te procurar. Se um dia ainda quiser conversar, desde que seja de forma franca, você sabe como me achar.
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Se cuida e pensa um pouco.

Acho que você sabe, mas nunca é demais dizer:
só quero que fique bem.

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eu conheço seus cantos, eu te conto pelos contos

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Para me envidar e provar a mim mesma que estava errada tentei namorá-lo. Até que o cheiro nauseante dele me convenceu do contrário. Não, não era o perfume. Ele mudou. Não adiantou.

Como lembranças e gosto, meus relacionamentos se guiam pelo cheiro.

O último exalava flores. O aroma da magnólia era um convite. O da ageratum purificou e limpou odores passados. As acácias e miosótis trouxeram o amor e a fidelidade. Nunca mais senti um ciclame, vocês sabem, símbolo olente do ciúme. Vivíamos com o reconhecimento das dálias, com o amor das acácias, com a superação das petúnias, com a tranquilidade das violetas.

Até que, sem uma flor de lis se quer, ele me deu um copo de leite.

Sem ele, perdi o faro, meu olfato ficou confuso, sujo, viciado.

Como o hálito do fogo que compromete o que lambe, o dele impregnou-se em tudo. Assim eu pensava.

Hoje, entendi que ele está em mim. Infiltrado em cada poro, em minhas entranhas. É o meu cheiro que me lembra dele. O cheiro da minha pele, do meu suor, do meu sangue.

Como os cactos, minhas folhas e pétalas reduziram-se a espinhos que, além de afastar predadores, rasgam minha pele e me tornam uma flor sem perfume. Não amo mais. Não sei o que é paladar. Não tenho prazer. Mas ainda me lembro dele.

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para você, que provocou a inspiração.

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O vento de maio…

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… levou-me para visitar dois amigos:

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o Heru_sa – uma parceria deliciosa!

e

a Vampira Dea – comemoração, festa de aniversário!

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O Álibi e a Lábia

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O Fernando [Coluna Fantasma] conseguiu imaginar um dos desfechos mais assustadores. Acredito que não por experiência própria e, sim, pela mais pura inspiração...

Se chegou direto aqui, sabia como tudo começou e acompanhe Heru, Mirian e Luna e seus desfechos.

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O Álibi e a Lábia

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– Hahahahahahaha!
– Romualdo!
– Hahahaha… Hahaha… Espere, ai, ai, meu abdome… Hahahaha!
– Qual a graça, Romualdo? Posso saber?
– Caramba, Clarimunda, essa história é tão esdrúxula, que me pegou de surpresa. Tive de rir.
– Como assim? Ô Romualdo, anda logo, desembucha!
– Clarimunda, você vai acreditar em uma colega do grupo espiritual que se diz sua amiga ou em mim, que nunca neguei ter sido canalha, mas que enfim, me encontrei no teu regaço?
– Romualdo, não me enrola!
– Hahahahahaha, não tô enrolando, meu bem.
– Dá pra parar de rir e me explicar isso?
– Linda, a risada é companheira de quem não teme o futuro. Pergunte onde estive pra aquele seu amigo, de nome escroto, que você me apresentou dia desses. Rosildo, Argildo…
– O Ronildo?
– Isso. Pergunte a ele.
– Mas Ronildo mora no Rio.
– Exatamente. Fui cedo pra lá hoje, tive reunião de urgência. Eu o encontrei num sushi, no almoço. Ligue pra ele.
– Er… Quer dizer que, bom, é, tá! Amanhã eu ligo, agora já está tarde!
– Meu bem…
– Que é?
– Namora comigo?
– (Ai, que lindo!) Não sei não, Romualdo! Você é muito galinha! Aposto que essa era a pendência que você tinha pra resolver!
– Claro que não. E eu fui galinha, pretérito. Mas te encontrei. Tô te pedindo em namoro justamente por isso: é um voto de confiança em nós. Ou acha que eu o faria se eu quisesse uma despedida de solteiro, com aspas? Pra quê? Você nunca me cobrou status de relacionamento. Eu poderia ter essa despedida e depois começar a te namorar. Mas não quero. Você é muito especial, meu amor.
– (Mas é um canalha. E um canalha tão fofo…) Humpf! Sei… Amanhã a gente conversa, tá bem?
– Tudo bem, meu amor. Se sonhar consigo mesma, fui eu, que desejei que você dormisse com os anjos.
– Beijo, tchau.

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– Alô? Juvenal?
– Fala, Romualdo!
– Meu irmão, quase me fodi agora.
– O que rolou?
– Lembra daquela fela da puta que te contei, que se joga em cima de mim, lá no grupo espiritual? Acredita que ela ligou pra minha namoradinha, futura namorada, a Clarimunda, e disse que eu a tinha comido hoje?
– Puta merda! E aí?
– E aí que ela se deu mal, porque hoje estive no Rio o dia todo. E por sorte, encontrei um amigo de Clarimunda lá.
– E você contou isso pra Clarimunda? E aí, e aí?
– Contei, ela ficou sem jeito. Mas Clarimunda é dessas que jamais dão o braço a torcer. Daí, tive de pedi-la em namoro pra reverter a situação e não deixar isso começar a feder, ela desconfiar demais.
– Fez o certo. Mulher que é desconfiada demais, vai atrás e só encontra o que não deve.
– Pior que eu precisava protelar só mais uma semaninha esse pedido.
– É, dos males, o menor. Agora, coisa de louco isso dessa menina ligar falando essas coisas pra Clarimunda, hein?
– Absurdo, não?
– Sem dúvida. Ela deve ter alguma mágoa de você, ninguém faz isso à tôa. É meio doentio.
– …
– Romualdo, você comeu essa louca?
– Comi. Mas na semana passada.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk! Romualdo , você me mata de rir…  E agora? Qual o próximo passo?
– Serei cauteloso com Arabela.
– Que Arabela?
– Outra gata lá do grupo espiritual que tá facilitando e que eu tô doido pra comer…

Fernando Ramos

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O presente

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A Luna é uma das amigas mais espirituosas que tenho. Perfeita para criar um desfecho para esses dois.
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Se você chegou direto aqui, conheça a 1a parte da história e as continuações 1 e 2!
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O presente
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Clarimunda sorriu ao ouvir o relato da amiga: as coisas pareciam andar no ritmo que planejava.
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À noite, Romualdo foi visitá-la, como haviam combinado. Estava mais romântico, mais atencioso e ainda mais apaixonado. Carregava um misto de culpa e alívio, uma culpa que, em outros tempos, não faria sentido algum para ele e um alívio que não fazia sentido naquele momento. Reparou que sua amada estava diferente, que um ar de satisfação sombria era evidente em seu rosto. Ela lhe deu seu beijo mais quente, pegou-o pela mão, fez com que sentasse no sofá e disse:
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– Eu já decidi o que quero de presente!

Romualdo ficou feliz, era um sinal de que ela aceitara seu pedido de “namoro sério”.
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– E o que quer, minha flor? Uma jóia?

– Não, não quero uma jóia e sim algo bem mais significativo.

– Busco a lua e as estrelas pra você, é só dizer! – respondeu Romualdo com toda a cafonice de que era capaz.
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Clarimunda olhou para o relógio e antes que o namorado pudesse perguntar se ela esperava mais alguém, a campainha tocou. A moça foi até a porta e voltou acompanhada pela amiga, a que Romualdo havia comido horas antes, que ao vê-lo ali ficou sem reação. Romualdo cometeu mais um erro crasso e começou a tentar se justificar, atropelando as palavras, escorregando na própria língua.
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– O presente que eu quero é a prova da caça, quero a cabeça “do alce” empalhada, para enfeitar a parede da sala da nossa futura casa.

O rapaz quase desmaiou mas por amor à Clarimunda aceitou o machado que ela lhe oferecia e em apenas um golpe certeiro fez o sangue da vítima salpicar o tapete.
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Renasceu.
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Luna Sanchez

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Fidelidade Canina

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Quando comentei com a Mirian sobre a ideia de dar um desfecho para o a história do Romualdo e da Clarimunda, passamos horas conversando sobre “interação” entre blogueiros; papo que rendeu esse conto sensacional e ainda trará outros ótimos frutos. Eu, que estava com saudade de seus textos, confesso que me arrepiei ao ler.

Se você chegou direto aqui, conheça a 1a parte da história e a 1a continuação.

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Fidelidade Canina

Enquanto ela ouvia, sentia incendiar-se.

– E… e quando ele…ele a penetrou…quer dizer, quando ele na verdade, a estuprou, ah… você sentiu… sentiu alguma coisa?

– Ah, amiga… Pensei tanto no erro que você estaria fazendo… Lamento falar isso. Lamento, mesmo.

Foi nesse exato momento que ela decidiu que ele seria o homem de sua vida. Daquele jeito. De fazer o sangue ferver.

Casaram na igreja. Ela, de véu e grinalda, ele com um  smoking meio grande demais para ele, mas mesmo assim, elegante. A amiga estava de roxo, combinando com o olhar tristonho com que contemplava a noiva que entrava triunfante.

– Até que o monte os separe. – ela ouviu alguém dizer, aliás, já fazia tempo que não ouvia as coisas muito corretamente. Ou interpretava as coisas de maneira bem diferente do que deveria ser.

Assim, na noite de núpcias, para espanto dele, ela deu uma caixa de preservativos.

– Prá que  isso?! – entre assustado e imaginando que teria que usar aquilo pelo resto da vida, justo ele!

– Quero que pegue uma garota na rua agora, transe com ela com o celular ligado.

– Como é que é?! – sem entender.

– Quer que eu desenhe?

– Mas… mas eu casei com você.

– E eu com você, pelo que você era. Portanto, vá, faça o que eu disse, e volte depois de uma hora e me encontrará aqui, pronta para você.

Por puro acaso, ele encontrou a amiga, a boa amiga. Ele contou uma história qualquer para disfarçar o constrangimento do lance, ligou o celular discretamente  e comeu a amiga sortuda.

Voltou para casa e a Clarimunda estava lá, rosto afogueado, quente, quase nua, que o recebeu com um tapa no rosto. Mas isso foi só o começo de uma noite, e de muitas noites, quando Clarimunda fez, defnitivamente, de Romualdo, o seu cão fiel.

Mirian Martin

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O troco

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O conto “Além de safado, burro” rendeu uma ótima e inteligente discussão saudável nos comentários e mexeu com temas como traição, perdão e amizade.  Por email, recebi pedidos e sugestões. Tanta polêmica, não poderia ficar sem desfecho. E merecia mais de um, para apimentar. Convidei alguns amigos que prontamente aceitaram e me deram a honra de publicar seus textos.

O primeiro é o querido e “admirado” Heru_sa que nos presenteou com essa delícia de conto, com os requintes mais nobres de seu humor inteligente. Apreciem.

Se você chegou direto aqui, conheça a 1a. parte da história!

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O troco

Assim que saiu do encontro, um extasiado Romualdo tentou ligar para a amada Clarimunda para contar, não conseguia parar de pensar nela, em nenhum momento, nenhum, deixara de pensar nela, e agora sim, tudo resolvido, estava livre, nada mais o impedia, tinha exorcizado seus fantasmas e encostos, com força e com vontade tinha explodido em libertação, era outro homem, nunca mais as outras, pronto para ela!

O celular ocupado e depois sem resposta teve o efeito de um banho gelado, mas tudo bem, falaria com ela à noite na reunião do grupo.

Fato é que o telefone de Clarimunda jazia em pedaços no canto do quarto, tal a violência com que fora arremessado na parede tão logo a “amiga” desligou. Porém, poucos minutos de choro sobre a cama foram suficientes para a atraiçoada superar as fases de negação e de ira, transpondo também rapidamente a negociação e a depressão, dor, dor, dor! Mas aceitar, não, não aceitaria.

Ceder e confiar, eis o teu equívoco, Clarimunda. O plano de vingança lhe veio à mente como uma dádiva dos céus.

À noite, Romualdo chegou mais cedo para a reunião, queria falar com a sua paixão antes, mas uma vizinha veio avisando a todos que hoje ela se atrasaria. Ainda mais ansioso, Romualdo fugiu como pôde da fulana com quem estivera à tarde, mulherzinha insuportável, grudenta, e vir agora falar assim, essas coisas, da minha Mundinha.

A outra não deu trégua até o apaixonado se exaltar, não enche, mulher, se liga, foi só uma vez, não gostei, não quero nada com você!

A entrada de Clarimunda no salão fez a amiga engolir as lágrimas. Nunca a vira tão arrumada, jeans justo e salto alto ressaltando o atributo que melhor rimava com o nome da rival, que nem era assim feia de rosto. Enroscado no monumento, braço sobre os ombros dela, um tipo alto e forte.  — Geente, deixa eu apresentar, o Julio aqui, ele é meu treinador faz um tempo, trouxe ele pro grupo, nos entendemos hoje… vamos casar!

Heru_sa

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Eloah

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Ela não tem a senha do blog. E eu não sei quem ela é. Entramos em acordo e, assim, uma respeita os mistérios da outra. Só a sei pelo nome e pela vontade e facilidade que tem de escrever. Dentre uma quantidade imensa de textos dela, que enchem minha caixa de entrada, escolhi esse para apresentar a Eloah. A tendência picante de seus escritos ainda está por vir. Apreciem.

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Mãe não, avó

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“Vem cá vó, a Eloah tá te chamando” disse meu pai para a minha mãe.

Hierarquia sempre foi uma palavra que, para mim, me remetia a poder, à política ou qualquer outra coisa que pareça um pouco suja. Mas com o passar dos anos e as convicções adolescentes sendo colocadas no baú de recordações, descobri que não é sujo associar hierarquia à família. Afinal de contas, não foi sempre assim: Pai <>Mãe -> Filhos? Não sempre foi o famoso “Quem pode manda, quem tem juízo obedece”?

Um dia, prestando atenção em uma conversa entre meus pais e meus avós percebi: Ser avô(ó) é estar acima de qualquer outro membro da família, é como estar acima do bem e do mal. É não ser mais pai ou mãe – segundo Dona Iracema, minha avó, ser avó(ô) é ser mãe/pai duas vezes – é ser supremo.

Sabe por que digo isso? Meu pai não se refere à mãe dele como ‘mãe’ e sim como ‘vó’. É sempre assim: “Eloah, você já visitou a vó essa semana?” “Graça, a vó tá em casa?”.  Aí descobri também que todos querem ser avós… Quando meus pais viraram avós eles só são tradados como tal entre os membros da minha família, minha avó os chama de avós, eu os chamo de avós… E vocês pensam que meus avós viraram bisos? Enganam-se, eles ainda são avós!

Ser avó(ô) é estar no grau máximo da hierarquia familiar. Já tenho muitos sobrinhos, não sei se quero ser mãe. Mas de uma coisa eu tenho certeza: quero ser avó.

Eloah

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Poucas pessoas

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Li este post da Cassiana e, na hora, senti como se ela pudesse estar falando de mim. Daí, fiz algumas mudanças para que eu mesma me revelasse. Sem máscaras. Sem falsas pretensões. Bem crua. Bem exposta. Para os que sabem, claro. Com todos os sentidos, como ela publica e eu gosto tanto.

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eu queria ser mais “durona”. queria mesmo. daquelas que aguentam firme e não arredam o pé. só que eu não consigo e sou um tipinho que entrega o coração bem rápido, de pronto. eu não demoro pra ser sua, a fase do jogo eu pulo, meu mergulho é cego. aquela loucura. e como eu queria me controlar. e queria que esse auto controle não fosse só pose. então, como eu sei que sempre acaba sendo tarde demais pra eu tentar buscar em mim essa força porque quando eu me dou conta eu já tô sempre com o interior descoberto… então eu vou lá e me faço destrutiva. é, eu pego aquilo que eu dou de graça e de forma limpa e sincera e destruo. porque se eu não consigo evitar te dar então eu te dou toma que é teu, mas vai aos pedaços. e não vai numa bandeja. vai numa caixa. toda fechada. sem chave, sem fechadura, sem qualquer abertura. para que você nunca saiba o que te dei. nem que estava despedaçado.

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Prometi e publiquei. Uma homenagem a você que passou a fazer parte da minha vida. Com um beijo.

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These Words I Write Keep Me From Total Madness*

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Escrevo porque sinto, porque leio, porque observo. Porque tenho opinião. Porque vivo e tenho histórias para contar. Porque os pensamentos não conseguem ficar quietos na minha cabeça, e nem sempre se organizam sozinhos aqui dentro. Preciso colocá-los pra fora e, só aí, eles vão tomando forma, corpo. Ganham vida. Alguns morrem, depois, dentro de mim. Outros não. Mas, nas palavras, todos ficam imortalizados.

Escrevo para não enlouquecer. Escrevo porque nunca consegui fazer terapia. Escrevo porque tem coisas que não conto nem pra mim mesma, mas usando um personagem e uma terceira pessoa por que não?

Escrevo porque gritar já não adianta. Escrevo para desabafar. Escrevo porque sonho. Escrevo porque fantasio. Escrevo porque quero mais. E mais.

Não escrevo para mandar recados, nem indiretas. Escrevo pra mim. Mesmo que eu esteja escrevendo para alguém.

Escrevo porque tem coisas que eu queria falar e não consigo. Que eu sinto e não admito. Que eu quero e ainda não sei. E, quando eu leio a bagunça do primeiro rascunho, tudo fica mais claro. Ou não.

Escrevo porque tem dias que a criatividade ou uma inspiração impulsiva me invadem e alguns textos pedem para existir.

Escrevo porque perverto o que ouço, o que vivo.

Escrevo também para me desafiar. Gosto de ideias que não nascem prontas.

Escrevo para eternizar um sentimento, como uma foto faz com um momento. E para rir de mim mesma quando eu, lá na frente, voltar, reler meus textos e [re]lembrar.

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* Charles Bukowski

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Aceitei o convite, a cachaça, a cerveja e a coca-cola do Mayer. Brindo a ele, com ele e com:

Ana Marques

Felipe Carriço

Paulo Fodra

Rodolfo Lima

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Quando a engrenagem precisa de uma azeitada extra para funcionar

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Uéliton era o típico nerd, solitário e inexperiente. Dono de uma lojinha de conserto e venda de computadores, num bairro tranquilo daqueles que parecem cidade do interior. Perdeu a inocência com  […]

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Para ler o resto da história, vem comigo… Meu conto, hoje, foi publicado aqui!

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Parabéns, Luneta Carrapeta!!!!

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Estou há um tempão tentando escrever sobre a Luna. E me faltam palavras para descrevê-la. Como definir alguém que supera todas as expectativas?

Luna amiga, irmã, companheira, confidente. Luna alegre, divertida, sapeca, criativa. Luna de lua, firme, batalhadora, corajosa. Luna sensível, doce, meiga. Luna forte, decidida.

Sim existem várias Lunas dentro de uma só. E eu amo cada uma delas.

“E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor”

Lu, que você comemore, sorria e esteja perto daqueles que ama!!!! A cada ano, você terá ainda mais alegria, saúde, amor, sucesso, paz e tudo de melhor… não só porque eu quero, mas porque você merece.

O Daniel teve a ideia, eu apoiei e chamei mais pessoas… porque falar sobre você não é fácil, Lu, tive que pedir ajuda! Olha quem veio te dar parabéns:

—–

Luna,

A lua é responsável por iluminar nossas noites, embelezar nossas vidas, arrancar-nos sorrisos, gerar emoção, confortar-nos o coração… A lua tem força, influencia as marés, as pessoas, a vida. A lua é apaixonante, charmosa, brilhante, iluminada.

Por tudo isso, acredito que não havia mesmo nome melhor para ser dado a você. Alguém capaz de cativar, fazer sorrir e iluminar mesmo as noites mais escuras.

Parabéns, Flor. Que tua vida seja tão luminosa quanto teu sorriso, e que tua força te permita alcançar as estrelas mais brilhantes.

Beijo,

Miss

—–

Então, por todos os risos, a amizade e admiração que despertou em mim, Luna aceite estas palavras (toscas):

Menina dos dominios da Lua,

Que desperta leveza por onde andas,

E no rosto trás um sorriso tão terno,

Em baixo das suas mandeixas existe um berço de tão criativas idéias.

Que olha cada um através desta sabia visão (capaz de ver sempre além do que cada um pode oferecer).

Que se diverte ao ver a Pucca,

E adora um lupino especial (que de mau não tem nada assim)

Apenas te desejo uma Lua linda na companhia deste mesmo lupino

Que possam sentir o coração um do outro neste momento de felicidade (está bem, não precisa ser só isto – é, eu num momento sem noção).

Sendo que este momento de felicidade não dure somente no hoje, mas todos os seus dias .

Então feliz dia especial para ti =P

Daniel Sávio

—–

“Hoje vai ser uma festa, lasanha voadora, calda quente pra você… É o seu aniversário, vamos festejar e o bolo aquecer… Que felicidade, calor no canecão, que a sua vida seja sempre doce tentação… Bate, bate palma que é hora de cantar… Agora vamos juntos, vamos lá… Parabéns, parabéns, hoje é o seu dia, que dia mais felizzzzzz…”

Ju Sandres

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Parabéns, Menina da Lua!

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Perdição

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Depois de brilhar na IV Semana de Contribuição do MCP (junto com minha amiga VampiraDea), o @Heru_sa nos presenteia com sua presença e talento. Seus textos sempre me dão a sensação de ‘baseado em fatos reais’. Se você ainda não se viu personagem nesse, tem mais aqui!

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Perder-se era algo que não acontecia, não com ela. Sempre fora muito segura, senhora de si, sabedora dos seus caminhos, mulher madura, com princípios, meios e fins.

Mas agora estava perdida, desnorteada, sem rumo, com seus princípios abalados, sentindo os próprios métodos inúteis, e de repente questionando suas finalidades.

Bem cedo na vida fizera os planos, sabia o que queria, a carreira, as amigas, os amigos, as baladas, os fins de semana na praia, os excessos de comida e bebida motivando as horas de suor na academia, o sexo variado com o escolhido da vez, sem compromisso, sem dor de cabeça, foi bom, ou não foi, tchau.

Mas agora…

Agora ela havia sido ignorada, e isso também não era algo que acontecesse com ela, muito menos ser ignorada por alguém que passava o dia ao alcance de seus pés, na mesa ao lado. Os princípios relativos ao ambiente de trabalho já estavam desconsiderados ao limite, ela estava na fase cinco ou seis de seu “know-how”, vestidos mais curtos, decotes mais profundos, abrir um armário ou buscar algo na impressora eram atos estudados, sedução explícita, mais que isso só tirando a roupa no escritório, a fase “diga claramente” fora de cogitação, precisava do emprego, e… nada?

Escolhera, mas não fora escolhida. Ele falava da mulher, das filhas, do fim de semana maravilhoso com a família, contava do cachorro e da ninhada de gatos, das flores que plantara e colhera, do vinho que bebera vendo um bom filme com… e lá vinha ele falar da mulher de novo, que saco, será que não me vê aqui.

Por um tempo ela não havia percebido, achou normal, o cara é mais velho, casado, bem casado, vai falar do quê? Então um dia a maldita planilha não saia do lugar, e pacientemente ele segurou sua mão sobre o “mouse”, mão quente, perfume gostoso, é assim que se faz, e o tempo suficiente para um “clic” a perturbou intensamente. Naquela noite acordou úmida, ofegante, arranhando o lençol, imaginando-se sob os dedos experientes que a haviam conduzido à tarde, um gozo intenso, rindo sozinha da malvadeza que seria seduzi-lo, modo escrúpulos “off”.

Logo se viu perdida, algo que não acontecia, não com ela.

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Sob meu olhar

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Ganhei esse lindo presente do poeta Carlos Ventura. Carlos, muito obrigada!

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“…Vagueias por entre as palavras inexplicáveis, frases incompreensíveis.
Pois a ti foi dado o dom do mistério.
Ouro da mina,
Mulher,
Menina.
Pois a Primavera é muito mais que uma simples estação do ano, ela representa você que em muitas estações se transforma.
Bela,
Ninfa,
Esfinge,
Misteriosa.
Verso e Prosa.
Mares,
Marés.
Que nas suas cheias inspira,
Nas vazantes acolhe e expõe seus arrecifes,
Fortaleza que protege seus mananciais e demarca suas profundezas.
Rio perene, qua sacia a minha sede de poeta e inunda outros corações.
Fonte de viva água,
Alfa e Ômega.
Supra-sumo da criação.
Mito e luz…”

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“Sob o Meu Olhar”, by Carlos Ventura


O meu amor partiu

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Hoje quem manda aqui é a Ju. É dela esse lindo texto! Aproveitem!
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Já não me desespero, não me descabelo mais;
Já não espero que esperes por mim;
Já não quero que me queiras, nem quero querer;
Já não sinto não sentir-me tua. Sinto-me bem assim. Inteira.
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Ressentimento pressentido,

Envolvimento anunciado,

Corpos corrompidos,

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Mudos, surdos, desconfigurados…
Passos descompassados,
Sentidos deturpados,
Caminhos desencontrados,
Tortos, curvos, mal sinalizados…

Parti, partida.
Acabei, acabada.
Venci, vencida.

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Entre partir e ficar existe apenas uma porta, mas entre amar e odiar existe, no mínimo, um coração.

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O meu amor partiu
Cansou dos meus vícios
E mesmo que amanhã ele volte com outro feitiço
Hoje, o meu amor partiu
E nada vai
Nada vai mudar isso

‘Nada vai mudar isso’  – Paulinho Moska



Atrevida?

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Hoje, tem conto meu aqui.

O que acham? Estou muito atrevida?

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Nas ruínas, sentimentos eram as mercadorias

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O Sandi lançou o desafio e indicou, para dar início à aventura, ninguém menos que o talentoso e perverso Gustavo; que me ‘passou o bastão’. Eu, claro, topei.

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Capítulo II – Nas ruínas, sentimentos eram as mercadorias

E assim, eu cresci. Cercado pelo mistério das construções de nosso bairro e da minha procedência. Seguindo o exemplo de meu pai e observando a atitude sécia de minha mãe, aprendi a negociar, manter as aparências e usar minhas virtudes para conseguir o que queria.

Recebíamos poucas visitas. Apenas os amigos da igreja faziam companhia a ela, em tardes indistintas e lânguidas. Ela nunca me ensinou a rezar. Mas a pontualidade da fé sempre me instigou. E cintilava meu dia, já que, durante a presença de estranhos, eu poderia parar de estudar e ainda ganhava alguns trocados, desde que fosse, imediatamente, à venda, gastá-los.

Meu pai era escasso em atributos físicos. Baixinho, franzino. Seus cabelos, bem tratados, brilhavam, mas havia indícios de que não durariam. Óculos fundos. A compensação vinha do sobrenome, da educação, da inteligência e, claro, da confortável situação financeira. Eu admirava seu senso de humor apurado, seu gosto pela leitura. O oposto de minha mãe.

Um dia, questionei-o acerca das viagens, e aprendi sobre algo que ele estava prestes a perder. ‘Um homem precisa se sentir livre’, dizia ele. E ele sempre o foi, até conhecê-la.

Acostumei-me a receber o que eu achava ser amor, como recompensa. Aos domingos, após o almoço, sentava em seu colo e relatava minha semana, estudos, descobertas e, principalmente, as atividades religiosas de minha mãe.

Ele, logo depois, confrontava-a. Eu ainda não entendia, mas a retribuição me confortava.

Ele sempre cedia. Ela, manhosa, conduzia-o com maestria. E ele sabia. Inclusive que, para não perdê-la, sustento e luxo não eram suficientes. Mais presença se fazia necessária. A frequência e a duração de suas viagens diminuíram. Bem como as preces vespertinas; porém, nenhuma das duas cessou.

A ambição de minha mãe gritava, exigindo que se precavesse. Preocupava-se não com meu bem estar e sim com seu próprio. Como o matrimônio estava fora de cogitação – vim a saber que meu pai já era casado – eu era, então, sua única esperança. Ela exigiu que ele me reconhecesse como filho lídimo, caso contrário, o abandonaria. Ele, então, o fez.

Fomos a um cartório de nome imponente, numa rua sem saída, de paralelepípedos. Lembro do cheiro de velho e da minha mãe dizendo que, por ser no dia do meu aniversário, não ganharia presentes. E esse me bastava: meu renascimento. Uma nova origem. A mim, agora, pouco importava a antiga. Eu conseguira um pai, na certidão.

Nesse instante, não só a nossa história – minha e de minha mãe – começou a mudar. A de meu pai, agora legítimo, também.

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O terceiro ficou por conta da Ana.

A sequência virá pelas mãos do Paulo, que indicará o próximo e, assim por diante… não percam!

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O cisne dorme e a borboleta é, sim, azul.

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…………………………………………………………………………………………………………… Você me viu sorrindo

……………………………………………………………………………………………………………………………….. Você me viu chorar

…………………………………………………………………………………………. Você me viu chorar sorrindo

………………………………………………….Você me viu!

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……………Eu não te conheço
……………mas eu sei você
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……………No vai e vem dos elos
……………dos medos
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……………e das coincidências
……………que não existem
……………mas estão aqui e ali
……………………………………………………destino!
……………pra quê explicar?
……………………………………………………eu quero entender

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………………………………………………………………………………………………….“Descobertas, vontades, quedas, tropeços.
…………………………………………………………………………………………………….Certo, errado, tudo, nada, sempre, nunca,
……………………………………………………………………………………………………………………………..recomeços.
…………………………………………………………………………………………………..Entende, conhece, reconhece, compreende,
…………………………………………………………………………………………………………………………..[re]compreende.
……………………………………………………………………………………………………..Chora, baixo; ri, alto; rola, nas estrelas,
…………………………………………………………………………………………………………………………….cadentes….
………………………………………………………………………………………………………..As coisas tomam formas, sorrisos,
……………………………………………………………………………………………………………..As coisas tomam formas, cabelos,
………………………………………………………………………………………………………Contos, pelos cantos; explico!; precisa?
………………………………………………………………………………………………………….Eu confesso, eu me emociono, eu confio
……………………………………………………………………………………………………Com vocês, crio histórias para “não” serem
…………………………………………………………………………………………………………………………..contadas [?]
………………………………………………………………………………………………………… [duvido] [divido] só com e para vocês” *

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É uma intimidade entre estranhos?

Identificação

…………………. com vinho, cerveja, espumante

…………………. música

…………………. bichos?

…………………………. Sentimentos

Ideias

………. arranhadas

……………………………………………… rasgados

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Quantos furos na orelha

e mergulhos no mar?

Com ou sem mordidas? Com!

Whisky.

Out? Back!

Venda. Faxineira.

Ela viu? Sim! Ouch!

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Eu pensei

e você disse

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Mas apenas eu chorei

e, até chorando, eu sorrio

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[cadê o anjinho? uso indevido!]

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♫♪♫

– Você toca?! Eu canto! [1]

– Você canta?! Não sabia! [2]

– E você? [3]

– Eu? Acrílico e Lego. Com zoom. E eu caio. [2]

– Eu mordo. [1]

– Eu não me lembro. [3]

♫♪♫

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[no zoo, é mais difícil; eu corri, não enquadrei!]

De cabeça para baixo?

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Não! No centro!

De onde? Do Sul!

Hemisfério?

Com os nicks!

Eu, sem.

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……………………………………………………………………………………………………………… “keep smiling, keep shining…”
……….……………………………………………………………………………. sem saber, sem combinarmos, estávamos ouvindo-a, ……………………………………………………………………………………………………………….de novo, quase ao mesmo tempo…
………………………………………………………………………………………………………………..[do ‘quase’, temos tudo … chills!]

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[lá fora, eles me chamam; não entendem e questionam porque vim, porque precisava tanto escrever ~ simplesmente, por ter os pensamentos borbulhando, confusos e misturados, aqui dentro… agora, pronto… posso voltar para a realidade que grita e que eu quero descobrir, sentir, experimentar…]

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:: Texto elaborado à seis mãos; eram três mentes, devaneando… e a obra-prima do post*, foi uma participação mais que especial; não só em pensamentos, mas na forma escrita, literal e sentida. ::

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Bilhetinho

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“[…] Fecho os olhos e consigo ver cada detalhe. Contorno bem desenhado. Rosada. Carnuda. Convida e provoca. Você estava sem-graça e mordia os lábios. Ficava ainda mais linda, com um ar de menina levada.

Minhas mãos querem sentir a textura da sua pele.

Minha vontade é te abraçar. Sentir seu calor. Roubar um beijo.

Minha boca fica seca ao pensar. Quero sentir seu gosto. Ter você […]”

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Zé ou Mané?

 

Outro dia, pelo Twitter, estava conversando com minha amiga Única e Exclusiva sobre os Zés e os Manés.

O Zé é inteligente, divertido. Um conquistador talvez atrapalhado, mas nunca ‘barato’. Tem uma cara de safadinho, detalhe que encanta e atrai. É aquele que sabe o que faz. Sabe como conquistar, envolver, seduzir. Com malícia, sem maldade. Sabe valorizar cada momento, cada necessidade da mulher. Dá atenção na medida, sem sufocar. Sabe a hora de se retirar para deixar que a saudade aumente o desejo. Sabe estar presente e, de alguma maneira, nos faz sempre sentir especiais.

O Zé não é perfeito. Pelo contrário. Mas sua imperfeição é o que o torna tão interessante. Porque ele tem consciência de suas falhas e não as esconde. Não quero dizer que ele expresse sempre os sentimentos abertamente (estou falando de um homem de verdade e não dos de filmes). Mas ele não se esconde atrás da máscara de ‘perfeitinho’. Ele se mostra como é. Um galanteador. E diz o que quer e a que veio. Não precisa esconder o que sente.

E chegamos à conclusão: Já não se fazem mais Zés como os de antigamente. Até os originais estão dando defeito.

Quanto aos Manés, existem fábricas por todo mundo. Eles se espalham como praga. Estes são os que não assumem seus atos. Escondem-se atrás da figura de bom moço. Fazem juras de amor eterno, mas, na hora H, não transmitem confiança. Porque eram apenas palavras jogadas ao vento. São meninos e não homens – e, devo ressaltar, isso não tem nada a ver com a idade. São imaturos. E, na maioria das vezes, mal resolvidos e inseguros. Precisam de auto-afirmação constante. Preocupam-se com quantidade e não qualidade.

E aí, surge a questão: como resolver este problema?

=> Importação – eu tenho grande simpatia pelos Italianos e a U&E sugeriu que Portugal também vale a pena;

=> Fabricação – esta idéia terá resultados só a longo prazo… já imaginaram o trabalho?! Além disso, eles demoram a crescer e ficar “no ponto”. Quanto a amadurecer então, nem se fala…;

=> Curso Especial – “Como se tornar um Zé em 5 lições básicas”. Ok, talvez precisemos de mais passos até o sucesso. E lógico que alguns ficariam de recuperação.

Sim, será um trabalho árduo. Mas, se fizermos direitinho, não haverá arrependimentos. Até porque com um plantel bem formado poderíamos abrir uma empresa inovadora: “Zé Delivery”!!!! (mas só depois de termos os nossos…)

Para que nosso plano tenha sucesso, faremos pesquisas de mercado e alguns experimentos – sabe como é, o olho do dono é que engorda o boi… Só assim saberemos quem são os verdadeiros Zés… e poderemos oferecer um serviço de qualidade, único e exclusivo! … Como todas merecem…

Além disso, montaremos um manual. As mulheres poderão usá-lo para identificar os Zés espalhados pelo Mundo e os homens, assim esperamos, talvez aprendam alguma coisa… Aguardem!!

* Texto escrito em parceria com a Única e Exclusiva. Obrigada, U&E, pelas conversas divertidíssimas e pela ajuda!